POR FAVOR E POR AMOR

Existe uma grande diferença entre o favor e o amor. Fazer algo por amor é fazê-lo livremente, sem nenhuma espera de retorno. É também amor a ajuda que presto a alguém, combinando claramente o retorno esperado. Uma troca explícita, proporcional. É a reciprocidade combinada. O favor, ao contrário, é fruto de uma certa esperteza. Faço algo por alguém dizendo ser gratuito, mas, posteriormente exijo reciprocidade, reconhecimento, gratidão. Só terá ingratos na vida quem se acostumou a prestar favores. Chamamos de ingrata a pessoa que não se “vendeu” aos nossos favores.

É preferível negar algo que nos foi pedido do que fazer e se escravizar a espera do reconhecimento do outro.

Não toleramos o “não” do outro porque não sabemos dar o “não”. No fundo, há um temor de não sermos amados, de sermos rejeitados por aqueles a quem negamos um favor.

A bondade exagerada é uma forma de comprar o amor do outro sob a forma de gratidão e de escravidão a nossos desejos. Não há nenhuma moeda que compre o amor. Essa tentativa de sermos amados através dos nossos favores explica a sensação de sermos injustiçados, ofendidos e magoados quando os “ingratos” exercerem o seu direito de continuarem livres para o “sim” e para o “não”.